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O morango do amor e o campo: o que a febre revela sobre agricultura e consumo?



Nos últimos meses, parece que nas redes sociais só se fala de uma coisa: o morango do amor. Neste texto, vamos explicar o que acontece quando um produto agrícola, de repente, alcança altos níveis de demanda — e como isso afeta não apenas a nossa vida, mas também a de quem trabalha no campo. Além disso, daremos uma pincelada em como funciona a produção dos tão aclamados morangos.

É verdade que aqui tratamos de uma fruta específica, mas a lógica da oferta e demanda se aplica a diversas culturas, mudando apenas o modo de produção.


A febre do morango do amor


Que o morango do amor virou febre neste mês de julho você já sabe. O que talvez tenha passado despercebido foi a alta no preço da tradicional caixinha de morangos. A maçã do amor, que nunca alcançou tamanha popularidade, acabou perdendo espaço para essa frutinha coberta por creme de chocolate e uma crosta de açúcar caramelizado.

As redes sociais impulsionaram o boom: ostentar o doce ou compartilhar receitas online virou moda.


O impacto direto no preço


De janeiro a julho de 2025, o morango registrou alta de 46% no IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), tornando-se um dos alimentos com maior variação no período. Só em São Paulo, o quilo no atacado saltou de R$ 22 para R$ 38,55 em 12 dias — uma alta de 75%. Em Campinas, o aumento chegou a 52%. No Ceará, a caixa com quatro bandejas bateu R$ 100, o dobro do preço em apenas uma semana. Já em Curitiba, entre os dias 21 e 25 de julho de 2025, o valor da caixa subiu R$ 10, enquanto as bandejas com frutas maiores passaram a ser vendidas por cerca de R$ 50.

No consumo direto, a tendência também foi clara: os pedidos de morango no iFood saltaram de 11 mil em junho para mais de 257 mil em julho, um aumento de 2.300%.

Os doces de morango do amor, que antes custavam R$ 12, passaram a ser vendidos a R$ 15 ou até R$ 20 em algumas confeitarias. Versões gourmet chegaram a incríveis R$ 2.100 a caixa, embaladas como artigos de luxo.


A realidade do agricultor


Para os produtores — em especial os do Sul de Minas, responsável por cerca de 66% da produção nacional — a febre trouxe um alívio após safras difíceis. Muitos relataram aumento de 50% nas vendas em apenas 15 dias.

Mas a produção de morangos é intensiva: exige trabalho manual delicado, colheita fruto por fruto, transporte rápido (em até 36 a 48 horas a fruta precisa chegar ao consumidor) e o uso de estufas e sistemas semi-hidropônicos para manter a qualidade e produzir fora da safra. Essa limitação de oferta explica por que o preço sobe tanto quando a demanda explode.


O que aprendemos com o “morango do amor”?


Essa tendência mostra como a agricultura está diretamente ligada ao nosso cotidiano. Um simples doce viralizou, e com isso os agricultores tiveram um aumento inesperado de renda — mas também enfrentaram maior pressão para atender ao mercado. O consumidor passou a pagar mais caro por um produto que já tem, naturalmente, custos altos de produção. O ciclo de oferta e demanda ficou escancarado, lembrando que o campo é sensível às nossas escolhas de consumo.

O morango do amor pode até ser apenas uma moda passageira, mas revelou de forma clara como agricultura, economia e redes sociais estão muito mais conectadas do que imaginamos.


Escrito por: Fernanda Martins Christmann



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