TIPOS DE SOLOS BRASILEIROS
- Semear Consultoria
- 29 de mai.
- 5 min de leitura
Conheça os 13 tipos de solos essenciais para o sucesso da agricultura no Brasil

O solo é um dos recursos naturais mais valiosos para a agricultura, servindo como base para o crescimento das plantas, armazenamento de água e fornecimento de nutrientes. A formação dos solos no Brasil é influenciada por uma notável diversidade de fatores, como o material de origem, clima, relevo, ação dos organismos vivos e o tempo. Essa variedade de condições resulta em diferentes processos formadores de solos, contribuindo para a riqueza e complexidade dos tipos de solo encontrados em nosso território.
Portanto, esse texto tem como objetivo apresentar as diferentes classes de solos encontrados no território nacional, suas principais características e como eles afetam a agricultura em diferentes regiões do país. Atualmente, os solos são divididos em 13 ordens: Argissolos, Cambissolos, Chernossolos, Espodossolos, Gleissolos, Latossolos, Luvissolos, Neossolos, Nitossolos, Planossolos, Plintossolos, Organossolos e Vertissolos.

As classes de maior ocorrência no Brasil são:
Latossolos – Abrangem mais de 30% da área de solos no Brasil, são solos
geralmente profundos (1 a 2 m), ou muito profundos (mais de 2 m), bastante
intemperizados e normalmente de baixa fertilidade, mas que pode ser corrigida com
práticas corretas de adubação e calagem. Os Latossolos ocupam relevos mais
planos, costumam ser muito porosos, permeáveis e com boa drenagem,
apresentando cores que variam entre vermelho e amarelo.
Subclasses: com base na cor, fertilidade, textura e presença de alumínio.
Ex: Latossolo Vermelho distroférrico típico (cor vermelha, alto teor de Fe, pobre em bases).
Argissolos - Esses solos são caracterizados pelo acúmulo de argila no horizonte B,
ou seja, o horizonte mais superficial do solo (horizonte A) possui mais areia que o
horizonte subsuperficial (horizonte B). Normalmente ocorrem em relevos declivosos
e por apresentarem maior teor de areia no horizonte A, a maioria dos Argissolos são
mais suscetíveis à erosão.
Subclasses: variam com base na cor, saturação por bases e presença de horizonte plânico.
Ex: Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico típico (cor, alta fertilidade, sem outras características adicionais).
Neossolos – Grupamento de solos pouco evoluídos, ainda em início de formação e
com predomínio de características herdadas do material de origem. São mais comuns
de encontrar em locais de maior declividade e seu uso para a agricultura pode ser
dificultado devido a pouca espessura do solo. Em relação a fertilidade, ela varia de
acordo com a rocha mãe, solos oriundos de rochas ígneas básicas (basalto) possuem
melhor fertilidade e são muito utilizados na agricultura.
Subclasses:
Neossolo Quartzarênico (arenosos, pobres em nutrientes).
Neossolo Litólico (rasos, sobre rocha).
Neossolo Flúvico (deposições recentes, geralmente em várzeas).
Cambissolos – Classe de solos que são mais desenvolvidos que os Neossolos,
caracterizados por possuírem um horizonte B incipiente e estão localizados
majoritariamente, mas nem sempre, em relevos declivosos. Por serem pouco
profundos, podem restringir o desenvolvimento de raízes de espécies arbóreas e
assim como a classe anterior, sua fertilidade é variável.
Subclasses: baseadas na cor, saturação por bases e presença de horizonte húmico.
Ex: Cambissolo Háplico distrófico úmbrico (pobre em bases, presença de matéria orgânica).
Gleissolos – Solos caracterizados pela presença de horizonte glei, de cor
acinzentada devido à perda de ferro em ambientes com excesso de água.
Normalmente esses solos situam-se em relevos planos e em áreas de planície aluvial
dos rios. Seu uso na agricultura pode ser feito depois de uma drenagem para retirar
o excesso de água, mas para solos muito próximos aos rios e lagos, que geralmente
estão saturados por água, há necessidade de proteger esses solos para que produtos
químicos e adubos utilizados na agricultura não contaminem a água subterrânea.
Subclasses: baseadas na cor e presença de horizonte húmico.
Ex: Gleissolo Háplico Tb gleissólico (cor acinzentada típica, baixa fertilidade).
Além dos solos citados acima, outras 8 classes também ocorrem no Brasil, mas em
menor proporção, são elas:
Luvissolos: Solos jovens com acúmulo de argila no horizonte B e alta fertilidade
química natural, sendo muito relevantes na região semiárida brasileira, principalmente
em relevo suave ondulado.
Subclasses: dependem da textura, cor e presença de carbonatos.
Ex: Luvissolo Crômico eutrófico típico (cor escura, muito fértil).
Espodossolos: São solos arenosos, com acúmulo de matéria orgânica e/ou óxidos
de ferro no horizonte Bh ou Bs. Em muitos casos, esses solos podem ser duros e
pouco permeáveis a água, ocorrem em relevo plano, apresentam baixa fertilidade
química e drenagem variável, podendo ser excessivamente drenados ou mal
drenados. Por esses motivos, o uso dessa classe na agricultura é esporádico.
Subclasses: baseadas na profundidade e desenvolvimento do horizonte espódico.
Ex: Espodossolo Humilúvico típico (horizonte B espódico com muita matéria orgânica).
Planossolos: Suas características são a textura arenosa na camada superficial e
argilosa nas mais subsuperficiais, apresentando cores acinzentadas. Essa classe é
abundante no Pantanal, em áreas do semiárido e nas regiões produtoras de arroz
irrigado do Rio Grande do Sul.
Subclasses: saturação por bases, cor e grau de diferenciação do horizonte plânico.
Ex: Planossolo Nátrico eutrófico típico (alto teor de sódio, fértil).
Nitossolos: Classe muito comum nas áreas de solos formados de basaltos no centro-
sul do Brasil, essa classe é caracterizada pela presença de horizonte B com
agregados cobertos por um brilho característico (cerosidade). No entanto, sua
ocorrência é predominantemente em relevos ondulados e pode apresentar risco de
erosão entre sulcos ou em sulcos quando mal manejados.
Subclasses: cor, fertilidade e profundidade.
Ex: Nitossolo Vermelho eutroférrico típico (cor vermelha, fértil, rico em ferro).
Chernossolos: Apresentam material de origem rico em cálcio e magnésio, formando
um solo com altos teores de argila, cálcio, magnésio e carbonato de cálcio em sua
composição. Devido à presença desses minerais e matéria orgânica que servem de
nutrientes para as plantas, esses solos apresentam boa fertilidade.
Subclasses: variam pela presença de carbonatos e tipo de argila.
Ex: Chernossolo Rêndzico eutrófico típico (alto teor de cálcio e presença de carbonatos).
Vertissolos: Apresentam pronunciada mudança de volume de acordo com a variação
do teor de umidade. Têm como feições morfológicas características a presença de
fendas de retração largas e profundas que se abrem desde o topo do perfil nos
períodos secos e a presença de superfícies de fricção.
Subclasses: profundidade e tipo de argila.
Ex: Vertissolo Háplico eutrófico típico (alto teor de argila, fértil).
Organossolos: Classe de solos com predomínio de constituintes orgânicos,
principalmente em condições de saturação por água. Apresentam grande quantidade
de carbono orgânico (≥ 80 g/kg) e cor muito escura. Para o uso na agricultura, é
necessário realizar obras de drenagem e utilizar grande quantidade de corretivos para
reduzir a acidez, mas a atual legislação ambiental restringe o uso desses solos.
Subclasses: profundidade do horizonte orgânico e teor de fibras.
Ex: Organossolo Háplico fibroso típico (com fibras vegetais ainda visíveis).
Considerando a diversidade de solos e suas distintas características, é essencial
adotar práticas de manejo que respeitem suas especificidades. A correta adubação e
calagem, aliadas a técnicas sustentáveis como plantio direto, rotação de culturas e
cobertura vegetal, não apenas otimizam a produtividade agrícola, mas também
promovem a conservação do solo, assegurando sua fertilidade e sustentabilidade a
longo prazo.
Escrito por: Giovanna Carvalho
Referências:
PAULETTI, V.; MOTTA, A. C. V. Manual de Adubação e Calagem para o estado
do Paraná. Curitiba: SBCS/NEPAR, 2. ed. 2019.
LIMA, M. P. Principais classes de solos do Brasil. Disponível em:
http://www.mrlima.agrarias.ufpr.br/SEB/arquivos/solos_brasil.pdf. Acesso em: 5 maio
2025.
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